Nós
vamos, portanto, abordar as nossas últimas trocas e entrevistas que
terminarão, se vocês bem o quiserem, com a minha conclusão,
relativamente ao que nós alcançamos. Mas, por agora, eu vos escuto.
Questão: Ser uma consciência sem corpo, como um ponto no Universo, é para isso que nós avançamos?
A partir do instante em que defines um objetivo ou uma experiência passada, tu não és mais o que tu És. Tu não tens que «avançar para» porque «avançar para» é já pôr uma distância, em relação à experiência, ou em relação a um desejo, ou em relação a uma realidade.
É
claro que existe, no seio da consciência, a possibilidade de se viver
sem forma. Mas a consciência, como tu o dizes, está sempre aí: isso se
chama a Infinita Presença ou Última Presença. Mas não faz do que foi
vivido, há um tempo, um objetivo: criando um objetivo, tu crias uma
separação.
Apreende bem que só o ponto de vista da personalidade
te limita e confina, e te faz considerar o que foi vivido como um
objetivo. Enquanto tu definires um objetivo (em relação a uma
experiência, seja ela a mais importante), tu não estás no Instante
Presente e não és o que tu És. Tu deixaste o relé ser tomado pela
personalidade. A partir do instante em que uma experiência aparece na
consciência (qualquer que seja essa consciência), esta vai-se
aproveitar.
É por isso que Ser Absoluto põe fim a toda a
experiência. O que não quer dizer que a experiência não seja mais
possível, mas ela não tem mais razão de ser, a partir do instante em que
tu te tornaste, realmente, o que tu És, de toda a Eternidade. O olhar
mudou, definitivamente.
Enquanto existir, na consciência, o
sentimento de uma memória, de uma experiência (mesmo a mais
extraordinária que seja), tu vives no passado. Porque há um
condicionamento que vem das suas próprias experiências e que vem
alterar, realmente, a possibilidade de Ser o que tu És. Nenhuma
experiência se resume a um passado ou a um futuro.
Mesmo a
experiência da Unidade, ou da Consciência Turyia, não deve ser uma
recordação mas deve tender a tornar-se a Permanência do que tu És. E
depois, Turyia deve ser vista de um outro ponto de vista, e isso É
Absoluto. Definir um objetivo, uma finalidade, uma meta, se referirá
sempre à pessoa. O que tu És não é um objetivo. O que tu És não tem
necessidade de ser descrito, nem posto numa imagem, nem lembrado. Se
não, isso não é o que tu És.
Questão:
Você não intervirá mais, doravante, porque nós temos todos os elementos
para poder continuar a trabalhar ou porque nós chegamos ao tempo
Último?
Por que
limitar-se a estas duas proposições que não fazem senão confirmar que
tu procuras uma resposta em relação a um fim e nada mais? Permite-me
responder à tua questão (e tu apreenderás o sentido de porquê eu vim e
parti) aquando da minha conclusão.
O intervalo da minha vinda se
sobrepôs a algo próximo, à Libertação da Terra. Quer dizer, justamente,
à possibilidade de se tornarem novamente o que vocês São e de não mais
estar no esquecimento, porque as condições eram propícias. Mas isso não é
o único objetivo ou a única indicação. Mas voltarei aí depois.
Questão: Quem é que pode escolher o Absoluto ou não?
Mas em
que é que o Absoluto será uma questão de escolha, uma vez que, eu o
repito, é o que tu És? Apenas o ponto de vista da personalidade pode
andar à volta, em relação a isto, e te fazer crer que há uma escolha.
Isto não é uma escolha, já que é o que tu sempre foste.
Só o
apego à tua pessoa, só o apego ao que se desenrola e que te hipnotiza,
te impede de o ver. Portanto, isto não é uma escolha, se isto não é a
escolha de o ver ou de não o ver, mas isto não muda nada na realidade do
que tu És.
Enquanto a consciência estiver inscrita numa pessoa,
sem nenhuma reminiscência do que tu És, ela está tributária das
circunstâncias da pessoa, tanto ao nível de uma busca de conhecimento de
si, como espiritual. É ilusório, uma ilusão, uma fraude. Porque, dá-te
conta: quaisquer que sejam as vossas idades, desde o tempo em que vocês
procuram, o que é que encontraram? A pessoa te fará sempre andar à
volta, fazendo-te crer que tu vais em linha reta, mas não há para onde
ir, nem à volta, nem em linha reta. O que tu És, É, de toda a
Eternidade. Só a consciência da pessoa te faz crer que há uma escolha ou
um objetivo.
Eu sempre disse que o Absoluto não podia, em caso
algum, ser um objetivo. Como é que o que tu És poderia ser distante do
que tu És? Só a pessoa crê nisso. A dinâmica da consciência, lembrem-se,
será sempre a experiência, qualquer que seja a experiência. Além disso,
ela serve-se disso: fazer-vos crer que a experiência terá, um dia, fim,
para vos fazer, sempre, andar à volta.
A única forma de sair
disso é lembrarem-se do que vocês eram antes de ser uma pessoa.
Lembrarem-se de todas as pessoas que vocês foram, não serve para nada.
Não há nada a mudar, senão o olhar. Quando vocês apreenderem isso, vocês
serão Absoluto, sem nenhuma dúvida possível, sem nenhuma interrogação,
sem nenhum questionamento, na felicidade a mais Absoluta que pode ser.
Mas
deem-se conta: a pessoa não pode nunca estar na felicidade. Quaisquer
que sejam os prazeres, a procurar ou encontrados, isso jamais dura. E
vocês sabem-no. E vocês persistem em procurar no campo do conhecido da
vossa consciência.
Questão: Para que serviu a nossa passagem na encarnação?
Mas não
há nenhuma passagem na encarnação. É a pessoa que crê nisso. Enquanto
tu creres que tu estás encarnado e, portanto, que um dia esse saco vai
desaparecer (esse saco de comida), tu te tornarás saco de carne para os
vermes. Quando tu apreenderes isso, tu terás dado um grande passo para a
imobilidade.
O princípio da evolução, do melhoramento, não se
mantém, já que o Espírito é perfeito, de toda a Eternidade. A FONTE é
perfeita, de toda a Eternidade, e o Absoluto não conhece o tempo. Tu
inscreves-te, deliberadamente, em qualquer coisa que é falsa, esperando
que a tua encarnação te tenha permitido beneficiar de qualquer coisa.
Mas o quê? Como é que o que é perfeito poderá ser mais que perfeito? Do
teu ponto de vista, a encarnação serve para te melhorar.
Do meu
ponto de vista, a encarnação é uma fraude. Nós vos dissemos que as leis
deste mundo não são as leis do Universo. Por que querem vocês transpor o
que a vossa consciência vive, aqui, além daqui? Que sabem vocês disso?
Nada. Só aquele que tem esse conhecimento considera que os conhecimentos
deste mundo não são senão ignorância.
Quando tu aceitas isso,
tu descobres, realmente, o que tu És. É o olhar falsificado que te faz
crer que há qualquer coisa para melhorar. É um ponto de vista. Não é a
Verdade. Ou, se tu preferires, é uma verdade (parcial ou relativa) que
só se refere a uma pequena parte do que É a Realidade. Como é que, se
este mundo é ilusão, considerar que a tua presença no seio da ilusão
pode modificar o que quer que seja ao que tu És?
A única coisa
que se modificará são as leis do carma e as leis da pessoa, mas não, em
caso algum, o que tu És. Agora, tu és livre de crer nisso, para a
Eternidade se tu quiseres. Define os teus objetivos. Enquanto o teu
objetivo for uma bonificação ou uma melhoria, tu não poderás nunca
encontrar o que tu És. Enquanto tu creres no carma, tu estarás sujeita
ao carma. Tudo aquilo em que tu acreditas se realiza, mas nenhuma crença
Realiza o que tu És.
Questão: A a-consciência, no Absoluto, pode ser considerada como coletiva?
Não há
nem coletividade, nem Unidade, nem individualidade. Tu procura definir o
que não pode ser definido. Tu estás prisioneiro de um teatro. Tu não
podes entender que tu estás num teatro enquanto tu não o vires. O
problema deste teatro é que ele não termina nunca. Há um princípio. Como
se vocês estivessem subjugados, atraídos, por qualquer coisa que vos
balançaram mas que vocês nunca conseguem agarrar, e por uma boa razão.
Olhem
a vossa vida: vocês melhoraram, talvez, a personalidade, as vossas
percepções, as vossas concepções do mundo, mas será que vocês saíram
disso? Nunca. Aquele que sai, sabe onde está a Verdade. Não por sair,
escapando, mas vendo, claramente, as coisas.
Enquanto existirem
crenças, elas te cristalizam e elas te bloqueiam num movimento, linear e
redondo, do qual tu não podes sair. Aquele que crê que não existe nada
depois da morte desse saco, vai ser confrontado com uma outra realidade.
No seio desta realidade, mais ligeira, há uma impressão de luz, de
amor, de presença: mas isso também é ilusório.
É por isso que,
Ser Absoluto, é deixar desaparecer, de si mesmo, o conjunto das crenças
e, sobretudo, aquelas relativas ao que vocês denominam o espiritual.
Vocês não têm nenhum meio (e não haverá nunca nenhum) que vos dê acesso a
um conhecimento para além dos Véus do astral, porque não existe nenhum
conhecimento disso.
Só no momento em que o conjunto dos
conhecimentos (deste mundo, da energia, da espiritualidade)
desaparecerem, tu serás, realmente, o que tu És. Não antes.
Questão: Portanto, as pessoas que não creem em nada, nem durante a vida, nem depois da vida …
Mas
isso não muda nada. Aquele que não crê no que ele não vê, será
confrontado, depois do saco de comida desaparecer, com o que lhe será
dado a ver e a perceber, segundo os sentidos. Aí também, há numerosas
ilusões.
O fato de crer ou de não crer, não muda nada. A
distância entre aquele que crê no carma, e o Absoluto, como a distância
entre aquele que não crê em nada, e o Absoluto, é exatamente a mesma. Só
aquele que não acredita em nada, ou que é capaz de se instalar no
Instante Presente, é suscetível de encontrar o que ele É.
Mas,
mais uma vez, passar de uma consciência, qualquer que ela seja, a uma
a-consciência, é impossível. Não há senão a extinção da própria
consciência para o poder fazer. Ora, a consciência observa-se,
permanentemente. O que quer que vocês observem – o mundo, a vossa
pessoa, o cenário do teatro ou o teatro – vocês não saíram do teatro. É
tão simples quanto isso.
Quando há um processo ou uma busca
espiritual, à partida, considera-se uma meta ou um objetivo: conceber
uma meta ou um objetivo, é o obstáculo mais importante para o Absoluto.
É
como o exemplo da cebola: vocês exploram uma camada da cebola. Só as
camadas adjacentes podem ser conhecidas. Mas conhecer uma camada da
cebola e as camadas adjacentes não será nunca suficiente para ser uma
cebola.
Aquele que está instalado numa camada, e que se define
nessa camada, não pode, de forma nenhuma, ver a globalidade. A
consciência sempre foi definida, tanto na sociedade como na
espiritualidade, seja como um motor, seja como o elemento de ação mais
importante, em toda a busca (moral, social ou espiritual). Mas não pode
haver busca. Só o ponto de vista da consciência vos faz crer, vos
cristalizando numa identidade, numa sucessão de identidades, e no
ilusório de qualquer coisa a melhorar.
Questão:
Mesmo agora, você deu a entender que haveria uma persistência de um
mundo astral para as almas mortas. Ora, eu creio ter compreendido que o
plano astral seria dissolvido.
Eu não dei a entender nada. Foste tu que o supuseste.
Eu
falo das condições ordinárias, habituais. Quando o saco de comida se
torna um saco de carne, o que se passa com a consciência? O que eu disse
não se inscreve em nenhuma perspectiva de modificação, mesmo se ela
existir. Mas vocês compreenderão muito melhor quando eu exprimir, no
final, o sentido e a conclusão das minhas intervenções.
Eu posso
dar-vos já um exemplo, através do que vos é conhecido: existem, em
todos os povos, livros de acompanhamento, para aqueles que passam para o
outro lado. É preciso, ainda, conhecê-los. É por isso que a leitura era
feita, tradicionalmente, àqueles que partiam, permitindo-lhes enfrentar
uma outra camada de cebola. Vocês deduzem já, à partida, a minha
conclusão. Mas eu voltarei a isto depois.
Questão: Os livros que nos falam da vida depois da morte não servem, portanto, para nada?
Mas a
vida depois da morte não é a Vida. É um outro confinamento que existia.
Isso, parece-me que a maioria dos Anciãos vos explicou.
Se vocês
fazem do pós-vida a Verdadeira Vida, vocês estão, de novo, numa crença,
que deriva, quer das vossas próprias experiências de sobrevivência,
quer, justamente, sobre o que vocês se documentaram. E aí, se inscreve, na perfeição, o porquê eu intervim.
Deem-se
conta: vocês substituíram as religiões (pela abertura que se realizou
desde há um século) pela crença numa sobrevivência, com inumeráveis
testemunhos e inumeráveis documentações. Mas quem vos prova que é
verdade? Quem vos diz a Verdade? Certamente que existe um mundo mais
ligeiro, menos denso, menos pesado, com regras, com luzes. Mas este é
profundamente delimitado e, eu diria mesmo, condicionado pelas vossas
crenças, aqui mesmo.
E é bem por isso que é preciso
libertarem-se de todas as crenças. Mas atenção, eu nunca vos pedi para
acreditarem em mim. Vocês estariam no erro.
Mas, pelo contrário, o
que eu disse (que vocês leram ou ouviram), é que isso, para vocês,
representar uma oportunidade ou um azar, não mudará nada. Quer dizer
que, quando chegar a hora, quer vocês tenham entendido, quer vocês
tenham aceitado a possibilidade de que esta seja a estrita Verdade, ou
quer vocês não tenham compreendido nada do que eu disse, do que vocês
leram, tudo isto permanecerá gravado, em vocês, quando chegar a hora.
Toda
a diferença está aí. E esta é a minha conclusão: aquele que deixa este
mundo será confrontado, é claro, com uma nova realidade. Aquele que
refuta esta nova realidade, como sendo simplesmente uma outra camada da
cebola e não uma finalidade, verificará, por si mesmo, o que ele É. Mas
aquele não tem mesmo a oportunidade, na sua consciência, de pôr em
dúvida o que foi visto, o que foi percebido, será tributário do que foi
visto, do que foi percebido.
Portanto, quer vocês me tenham
compreendido ou rejeitado, não tem nenhuma espécie de importância.
Alguns de vocês tornaram-se, à partida, Absolutos. Outros erguem-se em
oposição, pela razão e pelas crenças. Pouco importa. Vocês verão bem,
quando chegar a hora. Eu vos lembro que vocês não levarão estritamente
nada quando esse saco de comida desaparecer. Só a consciência acredita
levar, ela própria, as suas lembranças.
Mas então, expliquem-me
por que vocês não têm a lembrança do conjunto das vossas vidas passadas?
Por que é que isso desaparece? Então, fazem-vos crer que é preciso ser
espiritual e que a memória das vidas passadas vai voltar. Onde está a
continuidade? Se não através da lei da ação/reação que permitiu o
confinamento deste mundo.
Tudo isso não é verdade, exceto quando
vocês acreditam. As nossas entrevistas e discussões nunca foram ocasião
para vos fazer aderir ao que quer que seja, mas simplesmente, para
aqueles que não realizaram o que eles São, na hora certa, o simples fato
de ter, na consciência, a lembrança de algumas destas palavras, vos
permitirá, nesse momento, não serem iludidos pelas vossas crenças e as
vossas suposições. Lembrem-se: a consciência da pessoa está separada e
dividida, ela é tributária de uma história.
A consciência do Si
(ou a Unidade, ou um dos Samadhi) vos coloca face à persistência de uma
forma e à vivência de que não existe nenhuma separação entre todas as
formas e todas as consciências. É certo que é muito mais sedutor e
agradável que esse saco esteja na alegria, mas isso não mudará nada no
destino do saco. E eu falo tanto do saco de comida como do saco mental.
Pelo contrário, ter ouvido qualquer coisa que vocês mesmos realizaram
aí, é fácil.
Ou então, aquilo a que vocês se opuseram,
interiormente, pela impossibilidade de o viverem, vos colocará,
justamente, face a essa possibilidade, muito mais facilmente, na hora
certa. Portanto, não é um problema de crença mas, bem mais, de
impregnação das camadas periféricas da consciência. Eu expliquei tudo
isso em relação à ação da minha voz sobre o chacra laríngeo.
Questão: O desaparecimento do astral pode ajudar a dissolver as crenças e garantir que não há outras que se instalam?
As
crenças não vêm do astral: elas vêm do mental. Estruturar uma ideia,
estruturar um pensamento (adaptado a este mundo, fornecendo sentido a
este mundo) tem todos os motivos para ser realizado. O desaparecimento
destas egrégoras vos foi explicado.
O astral, por sua vez, está
ligado à visão. É por isso que eu usei o exemplo do teatro. A partir do
momento em que vocês não estiverem sujeitos à visão (tanto a deste
mundo, como a do outro lado, ao nível do astral), então, vocês estão
Livres. Não antes. Porque a visão física, a visão astral, mesmo a visão
etérica, vos remetem para a distinção de formas.
A verdadeira
visão (aquela que eu chamei «o ponto de vista») é totalmente diferente.
Ela não é um «ver», no sentido em que vocês a concebem, no sentido em
que vocês a percebem. Este «ver» é independente do olhar e independente
dos olhos e, portanto, independente da consciência ou dos órgãos do
sentido que, eu vos lembro, não existem do outro lado. E, no entanto,
aqueles que estão do outro lado veem, sem olhos. O que é que vê?
Coloquem-se a questão.
Questão: A consciência, no Absoluto, está, portanto, em toda a parte, em lugar nenhum, e ilimitada?
Sim. Mas não esqueçam que dizer «em toda a parte, em lugar nenhum»
é já localizar-se. Isso traduz a visão do teu cérebro porque, para o
cérebro, é preciso estar em algum lugar, posicionado no espaço e no
tempo. É, além disso, uma das características da consciência, quaisquer
que sejam esses tempos, quaisquer que sejam esses espaços.
O
Absoluto não é afetado nem pelo tempo nem pelo espaço. Portanto, ele não
está, nem em lugar nenhum, nem em toda a parte. Eu diria melhor:
in-delimitado ou indefinido, porque se tu propuseres que é ilimitado, tu
concebes, já, que há um limite possível (possivelmente, um limite) e
isso te remete para a tua forma de entender, com a tua consciência, as
coisas. Lembra-te do que eu repeti, sem parar: aquele que é Absoluto
sabe-o.
É uma evidência. Para quem está envolvido na sua camada
de cebola ou que é subjugado pelo espetáculo, para ele, isso não existe.
Mas, evidentemente, se isso existisse, não haveria mais questões, mais
espetáculo, mais espectadores e mais teatro. É o exercício da própria
consciência que é responsável pela limitação. Portanto, aplicar o termo
«ilimitado» não é suficiente.
O infinito não pode ser concebido
senão através da noção de limite; em relação a um conceito de finito. O
termo correto, no seio da consciência (que vai perturbá-la ao máximo) é o
indefinido ou, se preferires, o não delimitado, que não é o ilimitado:
não se define o Absoluto pelo oposto.
Questão: Para que servem todos os protocolos que nós fazemos?
Para
ocupar a consciência, para a fazer dirigir-se, justamente, para qualquer
coisa que é menos limitada, para viver o Si, para se aproximar da
Infinita Presença, para viver e amplificar o que é suportável, neste
momento. Mas o Absoluto não é afetado por isso. Simplesmente, existem
estados da consciência mais acessíveis (se o posso dizer), mesmo se não houver Passagem para o Absoluto.
É
o caso daquele que não está mais subjugado pela cena do teatro, que se
apercebe que há um espectador, que é o observador e que por detrás (mas
esta não é a palavra certa) do observador, há outra coisa: é o que tu
És. Ser o que tu És não depende de nada. Nem de uma evolução nem de um
protocolo, nem de um pensamento, nem de uma ideia, nem mesmo de um
corpo, nem mesmo de um mundo.
É aqui que está a Morada da Paz
Suprema. Que questão pode aparecer para aquele que está imerso nesta
Beatitude? Nenhuma. A vida continua normalmente, a pessoa ocupa-se do
que tem para fazer, mas tu não és essa pessoa. Aquele que é Absoluto
sabe-o e vive-o.
Questão: Existe uma reciclagem das consciências para que elas possam tornar-se Absolutas?
Mas
nenhuma reciclagem das consciências pode tornar-te Absoluto. É
impossível. Não há nada a reciclar. Não há nada a transformar. Não há
nada a mudar: há apenas que mudar o ponto de vista. Esquece-te de ti
mesmo.
Toma consciência, em primeiro lugar, do observador, do Si
e então, depois, abandona o observador e o Si. E tu estarás ainda aí,
sem esse corpo, sem essa consciência, sem essa vida e sem esse mundo. Aí
está a Morada da Paz Suprema. O problema é que vocês analisam as minhas
palavras, é claro, com a consciência.
Mas lembrem-se que as
minhas palavras (mesmo se elas vos colocam em reação, mesmo se elas vos
colocam na cólera ou na incompreensão), estas palavras e a sua Vibração,
emergirão, num momento próximo, na vossa consciência. Eu até já disse
que, quanto menos vocês compreenderem, mais vocês ganharão tempo, e mais
vocês se organizarão, mesmo sem o saber, para deixar a a-consciência
aflorar.
Nós não temos mais perguntas, nós lhe agradecemos.
Então,
BIDI só vos pode repetir a sua conclusão, que ele já vos deu: não se
coloquem a questão de saber se o que eu disse é verdadeiro ou falso,
porque, em caso algum, isso diz respeito à vossa consciência.
Lembre-se
de que não há, estritamente, nada a compreender e que, quanto menos
vocês compreenderem, mais a consciência se solta. E, quanto mais a
consciência se soltar, mais há a possibilidade de fazer aparecer o
observador e, sobretudo, de ver quem está por trás do observador: o que
vocês São, sem forma, sem atribuição, sem meta, sem objetivo, mas a
Morada da Paz Suprema.
Que querem vocês ser mais, sabendo que
vocês podem ser qualquer forma e qualquer consciência que seja, em
qualquer mundo que seja, exceto aí onde vocês Estão. Guardem
simplesmente na vossa consciência (se vocês não são Absoluto) que,
definitivamente, vocês o São. Não tragam o peso de nenhuma crença ou de
nenhuma certeza e vocês verão, por vocês mesmos, que, num dado momento,
no fim desse saco, isso vos acontecerá.
Olhem, especialmente
para os vossos países ocidentais: a única forma que vocês tinham era
seguirem regras, leis ou crenças, espirituais ou sociais. Falaram-vos,
então, do paraíso, do inferno e, portanto, de uma continuação da
consciência: é exatamente o que acontece.
Mas, será que a
continuação da consciência é suficiente? Será que vocês se contentam com
isso? Definitivamente, qual é o propósito da consciência? Ela tem uma
finalidade? Ela tem uma origem e um fim? Além de irem verificar por si
mesmos, vocês não têm nenhuma maneira de o saber. Vocês só podem
acreditar, supor ou comparar com o que vocês vivem, em consciência, no
mundo onde vocês Estão.
Ora, nenhum elemento deste mundo, nenhum
elemento das vossas intuições, nenhum elemento das vossas percepções ou
das vossas Vibrações, vos permitirá ser Absoluto. Ora, é o que vocês
São, desde sempre, antes mesmo que a consciência existisse. Não se
coloquem a questão para elucidar o que eu vos disse, porque: ou vocês o
vivem ou não o vivem.
Simplesmente: como a consciência está
ligada à memória (qualquer que ela seja, quer isso seja a experiência na
vossa vida, aqui, ou uma outra memória que vocês denominam akáshica,
pouco importa), quando chegar a hora, isso vos acontecerá.
Mas,
enquanto não existir uma evidência vos colocando a questão do Absoluto,
ou afirmando o Absoluto, em que é que isso vos diz respeito? Exceto em
certas tradições, certos ramos de certos movimentos e certos seres que
tiveram acesso, o que é que permanece? Os testemunhos do Absoluto, por
aqueles que o são (porque o olhar mudou, o ponto de vista mudou), não
estão aqui para provar o que quer que seja, nem para vos demonstrar o
que quer que seja.
Mas, simplesmente, para deixar a pista que eu
vos expliquei. Esta pista é suficiente em si mesma porque, num dado
momento, a consciência (face ao novo, face a uma mudança de
enquadramento ou de limite) se colocará a questão do in-delimitado, do
indefinido. Simplesmente porque estas palavras foram pronunciadas.
Eis,
portanto, o sentido e objetivo das nossas entrevistas. Isso nunca foi
para alimentar o mental. O princípio da pesquisa e da refutação (que eu
vos dei, no início) permitiu-vos, simplesmente, alcançar, concretamente,
tocar com os dedos e o espírito, o que é efêmero e que diz respeito à
integralidade deste mundo.
É isso que é importante. É isso que
acontecerá, no tempo que vem. É por isso, também, que eu insisti no fato
de nunca considerar o Absoluto como um objetivo ou uma finalidade: o
que ele não é. Estas são, portanto (de qualquer forma), as contra
definições que, pelo absurdo, num primeiro tempo, em encarnação, farão
escorregar, de qualquer forma, o mental e, por outro lado (quando o saco
não estiver mais aí) desencadear os estímulos necessários da
consciência.
Então BIDI vai vos saudar. Eu diria, do meu ponto de vista: ...
(Nota: seguiram-se cerca de 2 minutos de silêncio).
E BIDI vos saúda.
Até logo.
Mensagem de BIDI,